quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

ALTITUDE

Observando a ilustração acima. Quando todos os locais de ligação do oxigênio com hemoglobina estão preenchidos dizemos que ela está 100% saturada.
Frequentemente nem todos os espaços estão preenchidos, ou não tem nada ligado ou há outra molécula ligada, como por exemplo, o monóxido de carbono. Esta molécula vem da poluição ambiental ou da fumaça do cigarro e isso irá diminuir a saturação. Quando o monóxido de carbono se liga a hemoglobina é de forma irreversível. Fica ligado até o metabolismo da hemoglobina.
Há também as moléculas de oxigênio que estão dissolvidas no plasma. Estas são as que exercem pressão, conhecida como PO2.


O oxigênio que vai para os tecidos é o que está dissolvido no plasma (3%). A medida que se utiliza esse oxigênio dissolvido a PO2 cai. Com isso o oxigênio que está ligado na hemoglobina é liberado para o plasma.


Relação entre a saturação da Hemoglobina e a Pressão de O2.
Estudo: medida da PO2 e saturação de hemoglobina de amostras do sangue de diferentes partes do corpo.
Sangue que sai do pulmão está com 100% de saturação.
À medida que o sangue cai na circulação a saturação de O2 e a PO2 caem, pois se está cedendo oxigênio para os tecidos. Mas essa relação não é linear e sim sigmoide. Quando o sangue está fluindo o primeiro oxigênio a ser removido é o que está livre no plasma, por isso cai a PO2 e mantém-se a saturação. Quando cai muito a PO2 é o momento em que a hemoglobina irá liberar suas moléculas de O2.

A hemoglobina apresenta uma afinidade com o oxigênio variável: se a afinidade fosse sempre igual ela não poderia responder a essas variações de pressão em torno dela. Quando os quatro sítios estão ligados a afinidade é máxima e é muito difícil desligar o primeiro, mas a medida que a PO2 cai (aproximadamente 85mmHg) notamos uma queda na saturação, pois a hemoglobina começou a ceder oxigênio. A saída de um oxigênio na ligação com a hemoglobina muda a conformação da molécula e torna-se cada vez mais fácil a liberação das demais moléculas de oxigênio. Isso se chama controle alostérico. Quando a PO2 aumenta novamente o oxigênio volta a se ligar na hemoglobina.
A hemoglobina pode ser regulada. Existem no sangue, estruturas que podem modificar proteínas. Os estímulos são:

ALTITUDE
A saturação da hemoglobina continua a mesma em cidades da serra, como Gramado (RS) que apresenta uma altitude em torno de 900m.
Mas em uma altitude de aproximadamente 3000m a pressão atmosférica fica em torno de 500mmHg, a PO2 será de 105mmHg, a pressão alveolar de oxigênio ficará entre 60 e 70mmHg, com isso a saturação da hemoglobina será de 70%. Então, o sangue mais rico em oxigênio terá menos oxigênio.
Em grandes altitudes o desempenho aeróbio é prejudicado, porque depende de transporte de oxigênio. Existem formas de se prever a perda de oxigênio, vejamos a tabela a seguir:





Exemplo: Cidade do México (3500m de altitude). Tem -20%VO2máx. Se ao nível do mar o VO2máx era de 60mL.kg-1.min-1, quando no México será de 48mL.kg-1.min-1.
Então, em altitudes haverá certamente uma diminuição do VO2máx.
Quando for possível o atleta poderá realizar um deslocamento antecipado para recuperar esse VO2máx perdido. Esse processo de adaptação pode ser dividido em três fases:
1)      CURTO PRAZO
Ao sair do avião e respirar o ar estará com 20 a 30% menos em termos de PO2.
Quando cai a PO2 a estrutura que primeiro detecta a queda são os quimioceptores, que geram uma hiperventilação. Isso faz com que o O2 seja eliminado e diminua a PCO2. O CO2 quando reage com água forma o ácido carbônico que se dissocia em Hidrogênio, gerando acidificação do meio, mas como o CO2 está sendo eliminado não ocorre acidificação do meio, mas sim uma alcalose ventilatória. Os sintomas principais são tontura e dispneia.
2)      MÉDIO PRAZO
O organismo tentará ajustar a alcalose ventilatória. Para isso aumenta a excreção de bicarbonato de sódio e água. A excreção de água gera uma hemoconcentração que gera dois efeitos: menos água deixa as hemácias mais próximas facilitando o processo de difusão, mas em contrapartida aumenta a viscosidade e tende a fazer mais coágulos e também aumenta o trabalho cardíaco.
3)      LONGO PRAZO
O organismo tenta resolver a hemoconcentração. O rim é o órgão mais afetado pelos efeitos de variação de viscosidade. Estimulado pela variação do fluxo, o rim produz eritropoietina. Essa eritropoietina estimula a medula óssea a realizar eritropoiese, que leva ao aumento de hemácias. Com isso se aumentou o volume total de sangue e com isso se está totalmente adaptado à altitude.





Quem mora em altitude tem mais hemácias para compensar a menor PO2.
A maior altitude que um ser humanos é capaz de se adaptar para morar é 5000m.


O QUE FAZER QUANDO UMA EQUIPE OU ATLETA NÃO TEM TEMPO DISPONÍVEL PARA ADAPTAÇÃO? Quando o período de adaptação não for possível o atleta deve ir para o país da competição o quanto antes for possível, porém até o dia da competição irá treinar em cidades litorâneas, ao nível do mar. Só irá para a altitude horas antes da competição, para evitar os piores efeitos.


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